Aceitação Corporal . Amor-próprio . E Agora?
Nesta moda viral de aceitação corporal e amor próprio permito-me refletir sobre isso.
Que bom que é aceitarmo-nos como somos. Tão importante que é o amor próprio. Tanto que preciso de amor e aceitação.
“Tens que te amar!
Tens de aceitar o teu corpo!
Tens de olhar para ti com olhos de amor!
Tens de aceitar o teu corpo, independentemente de como te vês ao espelho!!”
Chega! Obrigações, criam mais limitações e menos amor. O “ter que” cria uma desordem interna contra aquilo que sinto!
E se não gostar do que vejo? E se me amar, mas houver dias que me desame? E se aceitar o meu corpo, mas houver dias em que não consigo tolerar o que vejo?
Sim, eu posso amar o meu corpo, mas se há dias que não amo, está tudo certo. Sim, eu posso cuidar de mim, mas se há dias em que estou cansada, também me posso entregar a esse cansaço.
Uma luta constante com o “tenho que”, com o que realmente sinto... Uma obrigação de amar e aceitar contra o que vejo e penso.
Talvez desta desordem interna venham os distúrbios alimentares. “Não gosto do que vejo, mas tenho de me amar e aceitar, então vou fazer de tudo para que o amor venha e a imagem mude.” “Tenho de aceitar o corpo, então talvez se não comer consiga atingir o corpo que quero.”
Qual a linha que separa o ideal do aceitável?
Uno-me nesta moda de aceitação e amor, mas mais ainda uno-me à moda do “poder” em vez do “ter que”. Posso amar-me, não tenho que me amar.
Uno-me à liberdade de dizer “sim, eu aceito”. Mas também de dizer: “não, eu não aceito”.
Uno-me a moda do “é o que é e está tudo bem”! Está tudo bem se hoje me amo e amanhã me desamo. É o que é e está tudo bem se hoje venero o meu corpo e amanhã não gosto do que vejo.
Importante será saber durante quanto tempo me duro no amor? Por quanto tempo fico no desamor?
Relevante é a liberdade literal da palavra aceitar. E aceitar, é dizer sim aos momentos sim e dizer sim nos momentos não.