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Simplesmente Simples

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Seg | 17.12.18

Maternidade Sem Tabus

Mais uma linda convidada que me inspira hoje. A Filipa tem 32 anos e é mãe há cerca de 2 anos de uma linda menina. É Doula, Coach Transformacional, fundadora do projeto “Mães Imperfeitas” e apaixonada pelas transformações que acarretam a maternidade.

A Filipa afirma que a sua missão é apoiar as mães no processo de auto-descobrimento, neste processo de transmutação, de perda, de ganhos, de tristeza, de alegria. Acrescenta ainda que o seu propósito é apoiar as mães a serem a mulher e mãe que querem ser de verdade, sem culpa e sem tabus.

Apesar de ainda não ser mãe hoje é com a Filipa que me inspiro. Também ela poderá trazer algo novo à minha vida.

 

Quando vamos ser mães pela primeira vez, ninguém nos avisa que vamos ter a maior transformação da nossa vida, que vamos morrer e renascer, que vamos mudar de Identidade!!

Acredito profundamente que a Maternidade é um gigante portal de transformação e que o nascimento não é apenas sobre o bebé, mas essencialmente sobre a nova Mulher que nasce com ele - a Mãe!!

 

Sempre fui uma apaixonada pela vida, à busca de coisas que me fizessem sentido ao coração, que me fizessem vibrar, e por isso posso considerar que já vivi muitas experiências e aventuras, mas sem sombras de dúvidas que a maior delas todas tem sido experienciar a Maternidade. Gerar um ser, dar à luz e educar esse ser é de uma magia e intensidade inexplicável.

 

Quando descobrimos que estamos grávidas começa toda uma viagem… Uma viagem tão louca que nem a maior montanha russa conseguiria igualar.

De repente vemo-nos em frente a um gigante espelho onde somos obrigadas a olhar a nossa verdade crua e dura. Estamos finalmente frente a frente com a nossa sombra, a nossa luz, os nossos maiores medos, as nossas maiores fragilidades, tudo vem ao de cima para ser visto e encarado, até as coisas que achávamos que já tínhamos ultrapassado.

Neste momento, questionamos quem somos, o que defendemos, o que acreditamos e metemos tudo em causa. Começamos a sentir um vazio e uma solidão inexplicável.

 

Embrulhadas neste turbilhão de emoções, eis que nasce aquele ser maravilhoso!! Achamos que tudo vai ficar bem, que vamos ser as mulheres mais felizes do mundo. Só que nesse momento percebemos que afinal a viagem não terminou… Sentimo-nos ainda mais perdidas, mais confusas, mais sozinhas… O vazio que sentíamos antes não foi preenchido e aumenta a angústia com o facto de nos sentirmos perdidas algures, algures entre a pessoa que éramos e a pessoa que somos agora. Tudo o que nos era conhecido desaparece, a nossa rotina, os nossos hábitos, os nossos amigos, o nosso tempo, a nossa autoestima… Sentimo-nos as loucas, as mães diferentes de todas as outras, porque não nos sentimos imersas numa felicidade que nos “pintam”.

Temos perante de nós um ser que depende de nós 24h, onde o espaço e tempo para entendermos o turbilhão que entrou na nossa vida não existe.

 

Lembro-me de quando tive a minha filha... das dores, da insegurança, do desconhecido, do turbilhão de emoções, do cansaço, da tristeza, da sensação de querer fugir, do sufoco…

Foi na procura de entender o porquê desta intensidade, deste turbilhão que entra na nossa vida e nos transforma e nos transtorna, que percebi que estava perdida na minha identidade, que ninguém me tinha preparado para essa parte, que nunca ninguém se sentou e falou comigo que eu ia sofrer uma transformação gigante.

Quando entendi que tudo estava certo, que tudo fazia parte desta morte e renascimento, desse deixar ir, dessa mulher que está a renascer como mãe, que o meu coração acalmou, apaziguou e eu entendi o que teria de fazer para me reencontrar.

Como em qualquer transformação, existem peles que têm de sair, folhas que têm de cair, e eu tinha de perceber o que iria deixar para trás, o que já não me fazia sentido e o que iria trazer comigo. Quem era esta nova Filipa que era mãe e que queria continuar a ser mulher, profissional e esposa?

Aquela mulher livre, sem filhos, só com a responsabilidade dela mesma, com algum controle no seu tempo e espaço, deixou de existir. Os amigos desaparecem, toda a vida muda. Há um tempo em que isso nos magoa, nos faz confusão, mas depois de entender esta transformação do nosso Eu, percebemos que tudo não passa de um “afunilar” da nossa vida, de ficar quem realmente queremos e com quem nos identificamos, de agir de acordo com a nossa nova identidade, de aceitarmos este novo estado da nossa vida.

Existe agora uma mãe que conhece o amor incondicional, que descobre o que é ter um cordão umbilical sempre ligado, um coração sempre conectado. Uma mãe que aprende que agora tem um ritmo próprio e especial, um ritmo sem tempo marcado, sem hora certa, sem coisas previstas e controladas! Os nossos filhos vêm-nos mostrar e ensinar a Flexibilidade, a Presença e a Aceitação!

Uma mãe que agora tem um objetivo de vida maior: Ser um exemplo para aquele ser do que acredita e defende, e para isso precisa de se conhecer profundamente, saber quais são os seus verdadeiros valores e crenças, precisa de deixar máscaras, crenças impostas pelos outros e ouvir a sua verdade.

E é nesta mudança de identidade que muitas vezes nos perdemos, que ao não ser encarada não é preparada, não é falada… E acredito que por isso muitas mães renascem de uma forma intensa e dolorosa, sem o apoio prático, físico e emocional que necessitam.

 

Foi aqui que senti que podia fazer mais, que queria fazer mais e apoiar as mães neste processo de autodescobrimento, neste processo de transmutação, de perda, de ganhos, de tristeza e de alegria, para que possam viver esta fase da forma mais consciente e positiva possível. Foi assim que me tornei Doula e Coach Transformacional, Autora do projeto Mães Imperfeitas.

 

O meu desejo é que possamos cada vez falar mais da VERDADE sobre a maternidade, dos nossos desafios e desta profunda transmutação, não para tirar a beleza desse grande desafio de sermos mães, mas sim para engrandecer a experiência e mostrar o quão humana é!

 

E não se esqueçam, existe sempre algo muito importante que tenho aprendido arduamente como mãe: PEDIR AJUDA!!

Não temos de ser as supermulheres e passar por tudo sozinha, como existe um provérbio africano que amo: “It takes a village to raise a child.” Não é tarefa para 1 ou 2 pessoas só.

Tal qual como um bebé quando nasce, a mãe também está sensível e vulnerável, precisa de colo, carinho e apoio.

Somos humanas… Também sofremos… Somos Mães Imperfeitas!!

 

O que poderei aprender deste testemunho da Filipa?

Sendo ou não mãe, será que se eu pedir ajuda quando sentir e aceitar que sou um Ser perfeitamente imperfeito na minha vida algo mudará?

 

Segue a Filipa: aqui e aqui!

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