Não Queres Ver? A Vida Mostra!
Faz em Dezembro 3 anos que um grave acidente de carro mudou a minha vida. Era uma madrugada fria de Dezembro quando um carro veio em contramão e me bateu de frente.
De frente bateu o carro no meu, mas de frente bati eu também com vários medos e sentimentos menos positivos. Medo de voltar a conduzir; medo da morte ou incapacidade física; medo da reação do meu pai (uma vez que o carro era dele); medo de represálias, mesmo não sendo dada como culpada (uma vez que tinha algum álcool no sangue- algo que não me orgulho hoje, mas que admito, sem qualquer sentimento de repulsa, pois faz parte da minha história e daquilo por que passei para ser hoje quem sou e aquilo que me define não é de todo o meu passado, mas o que fiz com ele).
O carro, apesar do porte grande e forte que caracteriza os mercedes, foi para a sucata pois nada compensava a frente totalmente enfiada para dentro. E eu? De coração completamente partido, mas além disso somente algumas nódoas negras, e dores musculares pelo impacto. Um carro sem arranjo, mas duas vidas sem qualquer dano. Sim, eu ia acompanhada, mas o acidente foi mais uma prova de que há companhias que não valem a pena, há pessoas que não valem o esforço.
O que mudou na minha vida com este acidente?
Em primeiro lugar, deixei aquela pessoa e segui a minha vida, cada vez mais de encontro à minha essência. E com isso veio uma mudança de cidade, de trabalho e de vida.
Enraizei ainda mais a crença de que nada é por acaso, pois a vida mostrou-me bem de frente algo que não queria ver – a realidade quanto àquela pessoa. O que se seguiu de um grande caminho de autoestima e amor-próprio.
Poderia alongar-me em tantas aprendizagens que esse acidente me trouxe. Porque apesar de tantas lágrimas e tempos difíceis, há sempre aprendizagens.
Mas hoje reflito sobre a superação… Como represálias desse acidente estive 3 meses sem carta de condução; aliada à mudança de cidade vivi cerca de 2 anos e meio sem carro, que juntamente ao medo de conduzir que adveio do acidente podia resultar em paralisação.
Podia ter alimentado esse medo, podia ter deixado de conduzir; ou podia lidar com o medo aos poucos e alimentar a minha sede de independência e liberdade que conduzir me traz.
Hoje, quase após 3 anos do acidente, conduzo e já comprei inclusive um carro para mim. Não fico indiferente ao facto de conduzir e andar de carro, não afirmo que superei o medo totalmente, mas lido com o medo de forma leve sem que esse me impeça de realizar o normal quotidiano.
Será que na minha vida existem situações em que alimento o medo? E se em vez de alimentar o medo, alimentasse a vontade de agir, o que mudaria na minha vida?
Agora sei que talvez alimentar o medo não me seja útil. Agora sei que talvez até me possa superar e sentir um enorme prazer quando isso acontece.